Por Lauro Junkes
Doutor em Teoria da Literatura (PUCRS)
Professor Titular da UFSC, tendo atuado no Curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Literatura, até 2010, quando do seu falecimento.

A Nuvenzinha, com textos e ilustrações de Marta Dischinger (Florianópolis: Editora Noa Noa, 1987) é um livro para pequenos leitores iniciantes, que antes “leem” as ilustrações e depois o texto, para voltar novamente às ilustrações e, nelas, produzirem o alargamento do texto. O texto verbal, aliás, está escrito em grafia corrida manual, não em letras de forma.

Familiarizando-se com o leitor miúdo, a personagem central da história é “uma nuvem muito jovem que gostava de rolar em cima das nuvens grandes”. Introduz-se, assim, com simpatia, um mundo e uma vivência familiares à criança, que tem oportunidade para expandir sua fantasia com as transformações da nuvenzinha, com os sustos dela pelos relâmpagos e chuvas das irmãs mais velhas, com os passeios por diferentes locais da terra.

Mas, juntamente com a nuvenzinha, a criança tem seu olhar aberto e orientado para situações de tristeza, carência e dificuldades que acontecem ao seu redor. Como esse apelo enternece a nuvem, busca ela uma forma de responder aos problemas e aliviá-los. Então, quando aliviou com seu imenso choro a terra seca, percebeu que era infundado seu medo de chorar: “podia chorar sem desparecer”. Atender a uma necessidade não desfaz ou diminui o ajudante, mas pelo contrário, o deixa mais satisfeito no seu estado.

Na síntese do pequeno texto verbal, A Nuvenzinha se avoluma em um positivo entretenimento e sadia mensagem (não ostensiva), como cresceu a nuvenzinha para poder chorar/chover em alívio de toda uma região. Marta Dischinger abre, com ternura e segurança, o mundo das letras e da fantasia para o leitor iniciante.

Referência

DISCHINGER, Marta. A Nuvenzinha. Florianópolis: Noa Noa, 1987.

JUNKES, Terezinha Kuhn (Org.). A literatura infantojuvenil catarinense na perspectiva de Lauro Junkes. Florianópolis: Copiart, 2012.