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Blumenau: sua história
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RESENHA

Por Lauro Junkes
Doutor em Teoria da Literatura (PUCRS)
Professor Titular da UFSC, tendo atuado no Curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Literatura, até 2010, quando do seu falecimento.

Escrito pela professora blumenauense e publicado pela Editora Lunardelli (1980), o livro Blumenau – Sua História coloca em nível infantojuvenil a história dessa cidade e do arrojo de um povo que marca o Vale do Itajaí e se projeta para o Brasil.

Marita logra captar com perspicácia e transmitir com delicada leveza a obra heroica do idealismo de Harmann Blumenau. Sem obsessão por datas, traça a evolução dessa cidade – harmoniosa fusão do progresso industrial com a beleza florida de seus jardins – fruto da força de trabalho, do espírito empreendedor, da luta e sacrifício de um grupo de pioneiros. E o verde vale transforma-se de éden natural em centro industrial e humano, não obstante as exigências cruéis do grande senhor, do rei e deus, o rio Itajaí, que, periodicamente, “mata, destrói, rouba” o que foi construído com carinho e dedicação. A árdua luta de seu povo, os sacrifícios do desbravamento, as dificuldades de comunicação não impediram, no entanto, a preservação da cultura, o culto das tradições, a prática da religião, a busca, de sadias diversões, como formação das sociedades de atiradores. Dessa forma, a comunidade cresceu unida e solidária, preservando e cultivando seus melhores valores. Tudo isso Blumenau – Sua história procura retratar, de forma simples e tocante, através de três seções:

ANTES – focalizando o sonho esperançoso de Hemann Blumenau, seus planos e arregimentação dos pioneiros;

O INÍCIO -  a parte mais importante, que acompanha a concretização do sonho, as naturais dificuldades, até o reconhecimento internacional dos méritos do fundador da colônia;

DEPOIS – síntese do seu desenvolvimento até nossos dias.

A narrativa de Marita flui com natural simplicidade, dosando informação histórico-social em nível da criança e do adolescente. Já não se trata mais, aqui, de uma pura história de diversão para o pequeno leitor, mas de um livro instrutivo, próprio para a idade e o trabalho escolares. A disposição da narrativa em linhas curtas, livres e descontínuas, proporciona maior leveza à sua leitura. A frequente orientação para o destinatário, o apelo ao narratário, explorando a função conativa da linguagem, muito contribuem para a criação de ambiência de afinidade mágica e de afetivo relacionamento entre narrador e narratário são características muito benéficas para a narrativa infantojuvenil. A criança e o adolescente gostam de participar, de se integrar, de viver o que leem. Mais ainda, as ilustrações de Rosi Maria Winkler Darius, muitas vezes esboços sugestivos para a imaginação jovem, bem como as questões constantemente colocadas para a exercitação do conteúdo lido, não apenas atraem a natural curiosidade da leitor iniciante, como também encerram salutar caráter instrutivo.

Como muito bem observar Lindolf  Bell, ao apresentar o livro, este “é uma obra que extrapola a própria destinação. A criança que se mantém viva no coração dos homens de qualquer idade encontra nas suas páginas inúmeros dados de identificação: sobretudo o sonho e a esperança”. E realmente todo um encanto natural envolve o leitor, à medida que este se introduz ao universo magicamente real dessa narrativa. Embora não constituísse surpresa, revestiu-se de grata satisfação a revelação dessa face da professora e escritora Maria Deeke Sasse, detentora de alto nível intelectual de mestrado e doutorado, em torno da cultura literária catarinense, além de incursões pela narrativa ficcional curta, com contos premiados pela Fundação Catarinense de Cultura.

JUNKES, Terezinha Kuhn (Org.).  A literatura infantojuvenil catarinense na perspectiva de Lauro Junkes. Florianópolis: Copiart, 2012.  p. 189-191.


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