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Dona Zica roda mundo
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RESENHA

Por Zâmbia Osório dos Santos
Doutoranda em Educação – PPGE/UFSC
2020

Dona Zica roda mundo é o sétimo livro de Jura Arruda e apresenta a história de dona Zica e seu Bartolomeu, separados pela idade, mas unidos por sentimentos, que encaram uma possível separação motivada pelo dia da mudança.

Dona Zica é do tempo do avô de Bartolomeu, Djibo, que veio da África e tinha a intenção de para lá retornar. Dona Zica e Djibo foram juntos para toda sorte de lugar, mas  Djibo se foi e dona Zica foi ficando, com o tempo, velha demais.  Por mais que todos digam que Zica está muito velha, e deve ser deixada para trás, junto com a casa vazia e o silêncio do fim da mudança, Bartolomeu está disposto a convencer a todos, e a própria dona Zica, que ela deve seguir com eles.

 No livro, palavra e imagem dialogam nos mostrando indícios de quem seria Zica. Quando enfim ela nos é apresentada, e verificamos que se trata da bicicleta do avô de Bartolomeu, há um alívio, pois se desfaz a ideia de que poderia ser deixada para trás uma pessoa idosa. 

Bicicletas já foram símbolo para representar a cidade de Joinville, cidade natal do escritor do livro. Era um tempo em que as ruas eram tomadas de lado a lado por trabalhadores se dirigindo às fábricas ou às suas casas no final do turno, estudantes indo às escolas e carteiros se deslocando pela cidade. Hoje, os carros tomam as ruas e poucas ciclovias existem no que já foi a “cidade das bicicletas”. 

Na narrativa vemos Bartolomeu crescer, esperando poder alcançar os pedais da bicicleta e, enquanto espera, vai arrumando dona Zica. O tempo passa, e Bartolomeu e dona Zica seguem para aventuras de pedal. Trazer uma narrativa onde a bicicleta, como meio de transporte e objeto de memória, divide protagonismo com uma criança negra, inserida numa família, com memórias e nomes, tem muita significação.

REFERÊNCIA

ARRUDA, Jura. Dona Zica roda mundo. Il.: Fabrício Porto. Joinville: Areia, 2018. 


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