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O espelho
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RESENHA

Por Maria Cristina Pagotto Tonussi
Acadêmica do Curso de Pedagogia – UFSC
2017

Na apresentação do livro infantil O espelho, de Carolina Michelini e ilustrado por Michele Iacocca, encontramos logo na primeira capa, além da ilustração, o logotipo da editora Ática e dois comentários sobre o conteúdo do livro, a saber: “Uma brincadeira de gente grande” e “Uma história sem palavras”. Possui lombada de 0,5 mm, sem nada escrito. Nas capas número dois e três, a autora surpreende-nos com uma brincadeira em 3D, onde estão desenhados vários espelhos, e quando se foca em 3D, eles aumentam de número. Na quarta capa – ou contracapa –, há um pequeno resumo do relato do livro e também breves comentários da autora e do ilustrador com fotos dos mesmos, terminando pelo código de barras e ISBN do livro.

Na primeira folha de rosto repete-se o nome do livro, aparecem também mais comentários da autora e os nomes da autora e ilustrador. Virando esta folha temos a ficha catalográfica, mais a distribuição de funções da edição e publicação, ISBN e o endereço da Editora Ática.

Na segunda folha de rosto há uma repetição da primeira folha de rosto, mais o logotipo da editora. A narrativa compreende da página 4 até a página 32, e está dividida em quatro momentos distintos. O primeiro momento não possui palavras, a narrativa é representada somente através de imagens e conta a história de uma menininha que observa sua mãe pela porta entreaberta do quarto que começa a se arrumar para sair: arruma o cabelo, faz um penteado, veste um vestido vermelho longo, usa colar, brincos, relógio, bolsa e sapatos de salto vermelhos. A mãe está toda maquiada e pronta para sair e a menininha aplaude cheia de amor por ver a mãe tão bela. Ela comenta aonde vai, aponta o relógio, já está tarde. Então, deixa a filinha sob os cuidados da avó e vai para a festa. A menininha está assistindo TV com a avó e o gato, mas sai de fininho e vai até ao quarto da mãe, e aí tem uma ideia. Desarruma todo o guarda-roupas da sua mãe, busca um roupão, depois um vestido e sapatos. A cada utensílio vai se mirando no espelho como viu a mãe fazer: acrescenta colar, brinco e arruma o cabelo, tão parecido quanto o de sua mãe: está linda!

No segundo momento, página 15, surge a brincadeira com o próprio leitor do livro, a menininha não aparece mais na cena, agora é o leitor que está no espelho, não importa se homem ou mulher, remete-nos ao nosso tempo de brincar de adulto. E vem a parte deliciosa da maquiagem, pode estar toda borrada, mas os olhos de quem está brincando de ser gente grande, está tudo lindo. E, finalmente, adicionamos chapéu e perfume, elementos estes que a mãe não compôs enquanto se arrumava, porém, a filha lançou-se de conteúdos outrora aprendidos e os juntou à brincadeira.

No terceiro momento, página 19, a menininha está pronta e volta a cena. Pega a bolsa e sai apressada. Ela está atrasada, diz a uma boneca que agora também faz parte da brincadeira, deve ir a uma festa, como sua mãe fez. Surpresa, quando está já diante da porta de saída toda vestida de gente grande, a mãe retorna da festa e encontra a filhinha, que leva um susto. Desajeitadamente tenta sair correndo: será que a mãe ficou brava? Sai largando os sapatos, mas a mãe a interrompe, está tudo bem! Ela também já brincou assim um dia e observa como a filha prestou atenção em tantos detalhas e a aplaude. Sua filhinha quer ser gente grande como a mãe.

No quarto momento, e o final, a partir da página 28, mãe e filha brincam juntas dividindo a brincadeira de amarelinha, ou céu e inferno. Brincam e se divertem juntas: há muito amor entre elas.

Observamos os princípios de dupla visão e transparência imaginativa contidas no segundo e terceiro momentos, elaborados de uma forma muito criativa, pois a autora usou a imagem refletida no espelho para ter o acesso ao mundo imaginário e nos capturou também. Assim, lembramos da nossa própria infância e brincamos juntos. Ressalta-se também dentro do conteúdo a visão de Vigotski sobre elementos que compõem essas brincadeiras, descritas na forma como a mãe reagiu. Ela não ficou brava, nem agiu dizendo coisas como se a filha estivesse desarrumando tudo e bagunçando suas coisas, mas, sim, entrou na brincadeira, ajudando a filha nesse processo de construção do ser humano.

MICHELINI, Carolina. O espelho. Ilustração de Michele Iacocca. Curitiba: Positivo, 2014.


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