por Maria Laura Pozzobon Spengler
Doutoranda em Educação - UFSC
e
Andriele Ramos Pellenz
Acadêmica do Curso de Pedagogia – UFSC
Formanda em 2012.1
2012

O livro Pedro e a Galinha Maricota, escrito por Julião Goulart, com ilustrações de Márcia Cattoi, foi lançado em 2010, apresentando uma narrativa singela, curta, trazendo uma reflexão interessante sobre os sentimentos humanos e a relação do homem com os animais. 

Conta a história de Pedro, um menino que vivia com sua família no sítio, onde as tarefas eram divididas. A Pedro, que era o filho mais novo, foi designada a tarefa de cuidar das galinhas e dos ovos, assim, tendo que limpar o galinheiro e alimentar as aves. Devia tratar as galinhas com carinho, pois os ovos valiam dinheiro. Manoel era o filho mais velho, cuidava das vacas, contava primeiro, depois João, que cuidava dos porcos e, por fim, Pedro. 

Todas as noites, após o jantar, a família se reunia na varanda, e cada um contava como foi o seu dia. Todos gostavam de trabalhar na fazenda, menos Pedro, que reclamava, não gostava de nenhum bicho, muito menos de galinheiro. Era um menino arteiro, jogava pedrinhas nos animais, implicava com as galinhas, corria demais e espantava as pobrezinhas. Retirava todos os ovos do ninho, até o mais escondido achava, não deixando nenhum nascer. 

Certo dia subiu numa árvore para mexer num ninho de pássaro, de repente escorregou e caiu lá do alto. Quebrou a perna e ficou sem se movimentar. Neste momento da história, o autor interrompe a narrativa para, na página seguinte, continuá-la através de uma ilustração, mostrando uma ambulância e uma construção, em cuja fachada se lê: ‘hospital’. Desse modo, o leitor entende o que aconteceu depois que o menino caiu da árvore sem precisar ler. As ilustrações servem, assim, para auxiliar o leitor a imaginar e compreender melhor a história. 

Com a perna engessada, Pedro não podia mais brincar e nem realizar sua tarefa. Novamente, a ilustração, mostrando o menino sentado e desanimado com o fato ocorrido, auxilia no entendimento da narrativa. 

Diante da situação do menino, a galinha d’Angola Maricota, que era a vítima preferida dele, enfim conseguiu chocar seus ovos. “E para Pedro foi altiva, Todos os seus pintinhos mostrar” (GOULART, 2010, s/p). A galinha se aproximou da varanda piando, querendo dizer algo importante, e apresentou Pedro aos seus filhotes, como se ele fosse um “herói infante”. 

Outra característica na obra de Julião Goulart, que permite ao jovem leitor ampliar seu vocabulário, é a utilização de palavras não comuns, como “altiva” para montrar o que a galinha estava sentindo, significando estar orgulhosa e arrogante; ou “incauto”, ao se referir ao menino, caracterizando-o: “Estava sentado na varanda, o incauto, [...]” (GOULART, 2010, s/p).

Fora sem querer que Pedro havia poupado aqueles ovos preciosos, agora pintinhos graciosos, que foram alegremente apresentados a ele por Maricota . Pedro, envergonhado de suas atitudes com os animais, prometeu se dedicar para sempre aos bichos, a seus cuidados. Ficando totalmente curado, nunca mais iria maltratar os animais. As últimas ilustrações mostram o menino sem o gesso, sentado, com um livro, a galinha e seus filhotes ao redor dele. Na última imagem, Pedro está segurando uma galinha no colo e duas outras no chão.  Eram os pintinhos, agora adultos.

O jogo texto-imagem permite associar, com o aparecimento das galinhas já maiores, que o menino cumpriu a promessa de dedicar-se para sempre aos animais.  

Na indicação do aprendizado do menino Pedro com o gesto da galinha Maricota, não há comunicação verbal, porém isso é vivenciado em atitudes, reforçando a ideia de que exemplos convencem mais que palavras.

Sobre a obra, podemos, ainda, observar  o uso de rimas ao longo do texto, com interessantes ilustrações que retratam o cotidiano da vida rural. 

No interior do livro, essas imagens são em preto e branco, e coloridas na capa. 

GOULART, Julião. Pedro e a galinha Maricota. Il. Márcia Cattoi. Florianópolis: do Autor, 2010.

Julião Goulart. Reflexões e Obras do autor. Disponível em: <http://juliaogoulart.blogspot.com/>. Acesso em: 26 de novembro de 2011.