Por Lilane Maria de Moura Chagas
Professora Doutora, do Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (MEN/CED/UFSC).
2020

Saída é um dos livros do catarinense Juarez Machado, publicado em 2016com 46 páginas pela Editora Minguilim.  Apresenta ilustrações em que prevalece poucas cores no cenário e coloca em destaque o protagonista em preto e branco.  Este é desafiado a criar muitos movimentos e soluções de saídas para as situações que são apresentadas. E, diante dos movimentos, dos gestos mímicos que ele cria, instiga a pensar se essa era ou não a saída possível. E se há saída, para onde? Haveria outras possibilidades?  Esse é um dos desafios desse livro de Imagem em, que já na capa, Juarez Machado inicia a história, como fez em seus livros Ida e volta (1986) e Emoções (2001).

Nessa narrativa há apenas um homem olhando o horizonte como se estivesse buscando, indagando, procurando algo, e a partir daí o texto visual se desenvolve. Esse é um daqueles livros que provoca a curiosidade e desafia a imaginação do leitor de toda e qualquer idade. O fio da narrativa se dá quando o protagonista encontra um embrulho de presente no meio do nada, no meio de um caminho talvez... E assim, a história se constrói.

Como já mencionado em outras resenhas publicadas, esse autor/ilustrador, nos provoca mencioná-lo para além da escrita e da ilustração. Ele é um artista completo (mímico, desenhista, cartunista, escultor...) que mereceu as homenagens na Feira de Joinville em 2016, data de publicação e lançamento de Saída,e continua merecendo homenagens por todo o mundo, pois Juarez Machado, extrapolou fronteiras, foi um dos percussores do livro de imagem, no Brasil, e hoje é cidadão do mundo.

Este é um bom exemplar para propiciar o interesse, o gosto e a prática dessa outra forma de linguagem. Esse tipo de narrativa constitui-se também um desafio para o trabalho dos mediadores de leitura, para superar dificuldades para realizar o trabalho com textos dessa categoria. Contudo, cada vez mais esse tipo de gênero alcança visibilidade e premiações, possibilitando leitores e mediadores realizarem práticas leitoras prazerosas, obtendo experiência estética e literária como verdadeiras obras de arte. Além disso, por meio dessa categoria é possível constituir leitores de múltiplas linguagens.

Ressalta-se que da capa a contracapa, com todos os detalhes das ilustrações, como ele fez em seus outros textos - é narrado de forma instigante e cheio de surpresas. Dessa forma, como uma porta aberta, imagens conduzem o leitor para o início e/ou saídas para outras histórias e experiências. Esse pode ser o indício da contracapa. Desse modo, faz-se um convite para entrar e mergulhar no “mundo fantástico” de Juarez Machado. “Saída é pura arte e não tem idade para entrar! É só abri”.

REFERÊNCIA

MACHADO, Juarez. Saída. Belo Horizonte: Miguilim, 2016.