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Uma árvore que dá o que falar
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RESENHA

Por Eliane Debus
Professora MEN/PPGE/CED/UFSC
2013

Em Uma árvore que dá o que falar, Jura Arruda planta com palavras-semente uma narrativa germinada em solo árido do pequeno vilarejo de Arremedo, onde a leitura e a escrita não fazem parte do saber. Nesse ambiente inóspito, os caminhos de Benedito (senhor velho, de poucas palavras e poucos amigos) e do menino Zuza se cruzam. O primeiro, dono de 500 livros, queima sua biblioteca, sobrevivendo um único exemplar que é enterrado. Inusitadamente, nasce, no local, um pequeno “pezinho bonitinho”, com folhas quadradas em formato de livro e, mais tarde, frutos em forma de letras. Surpreso com o estranho nascimento, seu Benedito é impedido por dona Quitéria (mãe de Zuza) de matar a planta; ela a arrancar e leva-a para sua casa para replantá-la.

Desse modo, o menino Zuza vê a planta dar os seus primeiros frutos, letras, que sussurravam e lhe davam a ler, assim, “antes que sua mãe pudesse voltar ao quintal, Zuza já havia colhido as letras daquela árvore e já podia formar tantas palavras que um novo mundo abriu-se diante de si e todas as fronteiras foram apagadas do mapa. Zuza sabia ler!” (ARRUDA, 2013, s.p). Impactada com os acontecimentos D. Quitéria queima a árvore e fica o menino desolado e privado do saber.

Zuza, desapontado e ansioso por aprender, vai embora da cidade, “queria lavar a alma com palavra escrita” e, quem sabe, encontrasse seu pai que foi em busca de uma vida melhor e não mais voltou. Na cidade de Inhuma, ao se recolher em uma biblioteca, o menino encontra o pai e ambos retornam para casa, desvendando o mistério de como Benedito compôs o seu acervo e o seu o rompante de queimar os livros, bem como o sumiço do dinheiro que o pai de Zuza enviava para a família todo mês e que nunca chegara.

O texto é emoldurado por ilustrações de Michelline Móes, em preto e branco, próximas da técnica da xilogravura, bem como o são as ilustrações no corpo do texto que com ele dialogam, isto é, um enredo que traz como cenário a aridez das terras nordestinas se compõe pela fertilidade das imagens (palavras e ilustrações).

ARRUDA, Jura. Uma árvore que dá o que falar. Il. Michelline Móes. Joinville: Letradágua, 2013.


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