Por Maria Laura p. Spengler
Doutora em Educação
Professora UDESC
2020
Em uma primeira olhada desproposital, no livro A Caçada, de Guilherme Karsten, publicado em 2020, o leitor pode acreditar que encontrou apenas mais um livro construído linearmente, de forma tradicional, daqueles que apresentam ao leitor, a ilustração destacada na página da esquerda, e o texto verbal, centralizado em fundo branco na página da direita. Automaticamente, o olhar é empurrado para perceber primeiro as palavras escritas na cor preta, destacadas nesse fundo claro, para então ser “arrastado” para a imagem que as acompanham, logo ao lado.
Mas não, com sugestões imperativas para a ação, o leitor agiganta a sua conexão com a narrativa, quando parece convidado, ele mesmo, a repetir os movimentos executados pelas personagens em cada virada de página. São animais que se mimetizam em elementos da natureza, rastejam silenciosamente, ou andam na pontinha das patas até quando, de repente, uma das imagens explode para o outro lado, tomando conta e preenchendo todo o espaço da página dupla.
O cenário da narrativa se amplia, a “caçada” se concretiza e, acompanhando uma contagem regressiva, o leitor descobre de onde vem tanto mistério (e tanto desespero).
A imagens que completam as páginas, dão vazão à presença das personagens juntas, escondidas entre os elementos naturais coloridos, possibilitando que o leitor também interfira na brincadeira, buscando descobrir todas elas.
REFERÊNCIA
KARSTEN, Guilherme. A caçada. São Paulo: HarperKids; Leiturinha, 2020.
AUTORES
- Guilherme karsten (Escritor)