Por Maria de Fátima Tonin Lunardi.
Mestre em Educação/Pesquisadora/Colaboradora
2013

“Há muito tempo atrás, numa Rua Tagarela, havia uma enorme casa amarela de janelas marrons. No quintal da casa amarela, vivia uma grande castanheira”. Assim inicia-se o livro A Árvore da Rua Tagarela, escrito por Dinara Tessari e ilustrado por Marlowa Pompermayer Marin, e conta a história de como uma castanheira era vista na imaginação das crianças. Para elas, a castanheira era tão grande que quase tocava as nuvens com os seus galhos. No início do outono ela se enfeitava de folhas douradas e bolinhas verdes, cheias de espinhos, sendo que somente guerreiros destemidos eram capazes de lutar com os ouriços espinhentos que sempre ficavam grudados nas armaduras das crianças. Esses mesmos ouriços, no final de outono, caiam como chuvas de meteoros no pátio da casa amarela e de dentro deles sorriam castanhas brilhantes. Este era o melhor tempo da Rua Tagarela, quando todas as crianças recolhiam as castanhas que eram cozidas e, ao comerem, dividiam castanhas e sonhos.

A árvore da Rua Tagarela, de vez em quando, se transformava em polvo gigante, às vezes num grande navio, às vezes num foguete espacial, às vezes ela era um enorme circo, outras num enorme palácio, fazendo as crianças viverem as maiores emoções. Um dia, a Rua Tagarela ficou em silêncio, a árvore fora derrubada, pois ela era muito grande para estar naquele lugar. A sua presença era um risco para as crianças e para o progresso da cidade. No seu lugar ficou um enorme vazio e no coração das crianças a saudade da infância na Rua Tagarela. O tempo passou, as crianças cresceram e a castanheira dourada, só havia mudado de forma, pois às vezes ela se transformava num campinho de futebol e, ao cair da chuva, virava uma poça de lama e transforma-se numa fábrica de Monstros de Lama, mantendo vivos os sonhos de outras crianças da Rua Tagarela.

TESSARI, Dinara. A Árvore da Rua Tagarela. Il: Marlowa Pompermayer Marin. Chapecó: Editora do Autor, 2013.