Por Rosilene F. Koscianski da Silveira
Doutora em Educação – PPGE/UFSC
2020

A Fada Azul e os duendes, de Cármen Neves, é um livro com encadernação simples – brochuras – com miolo impresso em preto e branco e a capa com papel colorido e com papel de maior gramatura.  A capa tem o colorido predominante em tons verde escuro e retrata um duende e uma fada num bosque encantado. A contracapa traz o desenho de crianças engajadas em proteger o meio ambiente. As ilustrações de Camila Nazário ocupam páginas inteiras em revezamento com o texto, para ajudar a contar uma história de fadas e duendes em missão especial: proteger a natureza. As ilustrações são feitas em grafite e dão aos leitores a oportunidade de colori-las. A biografia atualizada da autora, da ilustradora, bem como seus contatos estão nas páginas finais do livro. Este livro é o segundo “da trilogia das fadas”, informa a autora na contracapa.  Sua narrativa lança o olhar para o meio ambiente e trata do cuidado com os animais dialogando com o mundo mágico das fadas e dos duendes.

Você acredita em duendes? “A maioria dos humanos não acredita na sua existência. [...] A verdade é que os duendes são os guardiões da natureza! Protegem as florestas, as águas, o vento e os animais” (NEVES, 2018, p. 8).  Nesta história, a Fada Azul vai encontrar os duendes e ajudá-los em sua missão. Apúlio é o nome do príncipe duende, filho do rei que recebe do pai a missão de divulgar entre os humanos a existência destes seres. O rei diz ao filho que os humanos “precisam saber que [nós] estamos observando toda maldade cometida por eles à natureza e aos animais. Eles estão se afastando cada vez mais do mundo mágico e encantado onde vivemos” (p. 10). O rei também está preocupado com os maus tratos aos animais, vemos cavalos puxando carroças muito pesadas, gatos e cachorros abandonados na velhice, pássaros envenenados, é muita maldade. Ele também está muito preocupado com a diminuição da população de duendes, cujo nascimento está relacionado ao fato de uma criança ou um adulto afirmar que acredita em sua existência e “faz muitos anos que não nascem duendes – infelizmente!” (p.9).

O livro mistura realidade e ficção. O irmão da autora participa da narrativa. Ela também se faz personagem – é a escritora inspirada escrevendo o livro. Antes, porém, foi preciso quebrar a barreira que impedia a escrita sobre duendes. As forças do bem venceram. Assim, estabelecendo um diálogo entre vida real e fantasia, Neves compartilha sua narrativa. Ela intui que “mensagens de outras dimensões são repassadas através de sonhos” (p. 17). E a mensagem central do seu livro transita entre os dois reinos. No mundo dos duendes, o livro foi distribuído pelas fadas e por seu príncipe. No mundo humano, sua mensagem pode conscientizar as pessoas no sentido de modificar suas relações com a natureza.

Como no primeiro livro da trilogia escrito por Neves, A missão da Fada Azul,este livro também assume o intencional caráter educativo, tendo em vista os valores humanos enunciados e defendidos e, especialmente, a preocupação com a preservação da natureza e suas espécies. A construção narrativa é direcionada às crianças, mas também aos adultos para pensar sobre a relação e o cuidado com o ambiente na sua grandiosidade. Imaginação e transborda nas páginas do livro juntando seres encantados e humanos para vencer a batalha entre o bem e o mal. A maldade humana cometida é observada de perto pelo mundo mágico das fadas, dos duendes preocupados em proteger os animais maltratados e em cuidar da natureza. A Fada Azul e os duendes cativa pela simplicidade que caracteriza as personagens pertencentes tanto à vida “real” quanto ao universo fantástico. A bandeira ecológica continua levantada e deve prosseguir. A autora promete que uma nova publicação em breve virá a público, A Fada Azul e o Dragão Branco,com personagens que continuarão a tratar da relação homem-natureza.

REFERÊNCIA

NEVES, Cármen.  A Fada Azul e os duendes. Il.: Camila Nazário. Criciúma: Edição do autor, 2018.