Por Lilane Maria de Moura Chagas
Professora do MEN/CEDUFSC
Membro dos grupos de Pesquisa NEPALP, GEPOC e LITERALISE (UFSC)
2013

A Tartaruguinha Tatá, da autora Antonieta Mercês e da ilustradora Márcia Cattoi, é uma narrativa contemporânea que conta a história de uma tartaruga marinha que foi esquecida no ninho que sua mamãe tartaruga preparou com toda dedicação e carinho para depositar seus ovos. Mas, como pôde uma mãe esquecer seu filhote? Pode se perguntar o leitor. Essa é a intriga que a autora e a ilustradora desafiam a criança leitora a desvendar ao embarcar nas aventuras dessa história. 

A narrativa inicia-se convidando o leitor para um passeio numa ensolarada manhã em uma praia deserta. Esse convite o leitor encontra em todo o texto pela simplicidade e alegria da história e pelo próprio movimento da paisagem (praia, sol, mar).

A narrativa se desenvolve misturando informações científicas – quantidade de ovos que uma tartaruga desova, o tempo necessário para o nascimento dos filhotes, seleção cuidadosa da praia, confecção do ninho, o tempo da reprodução, além da vida no mar, peixes de várias espécies, corais, algas, entre outros aspectos – com uma linguagem simples, mas não simplória do cotidiano de uma espécie animal – a vida das tartarugas marinhas.

A autora se utiliza de onomatopeias na sua construção narrativa: chulept, chulept, chulept para expressar o movimento corporal das tartarugas caminhando na areia da praia, denominando as idas e vindas das nadadeiras das tartarugas rumo ao mar -, TumTumTum o ruído da chegada do tubarão –, cof, cof, cof a tosse da tartaruguinha.

O desenrolar da história tem como ação principal o desencontro e encontro da mãe com seu filhote. E nesse movimento, temáticas universais, como sentimentos de abandono, tristeza, solidão, amizade, perigo, solidariedade e companheirismo, são ressaltados. A história ora é contada pelo narrador, ora apresenta diálogos entre os personagens – todos da vida marinha: cavalo do mar, tubarão, tartaruga, estrela do mar etc.

Toda a ação narrada acontece no movimento do tempo da sua desova e o encontro com a vida no mar.

No diálogo da protagonista tartaruguinha Tatá com seu antagonista o tubarão, há uma inocência e ao mesmo tempo uma esperteza do jeito criança de ser. Com argumentos simples, mas com sabedoria, na tentativa de escapar dos perigos. Nesse diálogo há um texto irônico e quase anedótico, como, por exemplo, a solução dada ao tubarão que perde seus dentes na tentativa de devorar a tartaruguinha.

A Tartaruguinha Tatá como é chamada ao final da história teve que enfrentar alguns obstáculos até encontrar sua mãe. A história finaliza com um final feliz do encontro da mamãe tartaruga com sua filha esquecida no ninho.

As ilustrações de Márcia Cattoi provocam o leitor no movimento com e sem o brilho das cores das belas paisagens da praia, do mar e do encantamento das profundezas do oceano.

No final do livro, o leitor encontra uma breve biografia da autora e da ilustradora, a ficha catalográfica, e na contracapa, um breve texto trazendo, em sucintas palavras, a descrição da beleza do mar e o que nele podemos encontrar, além dos perigos das profundezas do oceano.

SILVA, Antonieta Mercês. A Tartaruguinha Tatá. Il. Márcia Cattoi. Florianópolis: Pandion, 2011. 16 p.