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Alfavida: o alfabeto da vida
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RESENHA

Por Rosilene F. Koscianski da Silveira
Mestre em Educação/UNESC
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFSC
Bolsista do Programa de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior– FUMDES
2013

Alfavida: o alfabeto da vida... foi lançado em novembro de 2004, e publicada sua segunda edição em 2007, pela editora Odorizzi de Blumenau (SC). Escrito por Maria de Lourdes Scottini Heiden, com ilustrações de Patrícia Rocha, esse livro é composto por vinte e sete poemas, dos quais vinte e três tematizam as letras do abecedário de A a Z. Como sua criação deu-se antes da última reforma ortográfica da língua portuguesa, as letras: K, W e Y ficaram do lado de fora “sem a menor cerimônia”. A apresentação, a dedicatória, os agradecimentos e a conclusão também foram escritos em forma de poemas, que brincam com a rima e a musicalidade das palavras. A escritora catarinense se utiliza da estratégia de criar poemas, um para cada letra na ordem alfabética. Desse modo, ela sistematiza, didaticamente, suas criações e, ao virar a página do livro, a surpresa ficará por conta da escolha da palavra, pois a letra já se sabe de antemão.

  Na escolha das palavras, Heiden reforça uma de suas características marcantes, utilizar-se da linguagem literária para tratar dos valores humanos, dar conselhos morais, difundir o amor. Bondade, justiça, ternura, natureza e honestidade são algumas das palavras que dão título e corpo aos textos da autora, cujas expressões não são escolhidas ao acaso, mas, afetuosamente, pensadas, como a selecionar uma “chave capaz de abrir o coração” (HEIDEN, 2007, p. 3) do leitor e nele frutificar. O espaço do sagrado é parte integrante das escritas de Maria de Lourdes. É sobre Deus o poema com a letra “D”.

A preocupação com a natureza faz o poema com a letra “N”. Convida o leitor para que “olhe a sua volta... E sinta a vida que brota. Olhe ao seu lado... E não seja acomodado. Olhe para traz... e ouça o recado que o vento traz” (HEIDEN, 2007, p.17). Em cada poema escrito nesse livro, pode-se perceber o esforço da escritora em promover uma cultura de paz e irmandade entre os homens. A autora não esconde sua intenção e talvez queira evidenciar uma visão bastante romantizada do mundo, da natureza e da própria infância. Mas, pode ser que as suas mensagens nem sempre sejam lidas da forma que ela deseja. Ou, como chama a nossa atenção o pensador Walter Benjamin (2002, p.58), referindo-se às fábulas e à forma como as crianças dela se aproximam: “em seus bons momentos a fábula pode representar um produto espiritual de maravilhosa profundidade, cujo valor a criança percebe certamente em pouquíssimos casos”. Além disso, a leitura dos versos pelos jovens leitores pode ser muito mais atraente pelo ritmo, pelas rimas e por sua musicalidade do que “em virtude da moral que as acompanha” (idem). Contudo, essa é a opção que Maria de Lourdes faz e, nesse sentido, autor, obra e leitor vão intercambiando experiências e descobrindo formas de entender o mundo e nele intervir. Alfavida: O alfabeto da vida... é um livro para ser lido por crianças de “todas as idades”.

Referência

BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Trad. Marcus Vinícius Mazzari. São Paulo: 34, 2002.

HEIDEN, Maria de Lourdes Scottini. Alfavida: O alfabeto da vida... Il. Patrícia Rocha. Blumenau: Odorizzi, 2007. 27 p.


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