por Eliane Debus
Professora MEN/PPGE/CED -UFSC
2012
O velho ditado “um é pouco, dois é bom, três é demais” se ajusta perfeitamente à temática do livro Irmão-Sanduíche, de Maria de Lourdes Krieger. Leonardo, o personagem-menino, conta as suas peripécias, ao ser criado como irmão-saduíche, irmão do meio: espremido pelos dois lados, entre as gracinhas de Rodrigo, o caçula, e as espertezas de Arninho, o mais velho, sente-se rejeitado e foge de casa.
Na fuga, que se resume a um quarteirão, ele encontra seu irmão mais velho com outros colegas e descobre, por meio de Bruno, amigo do irmão, que existem outros sanduíches:
Eu também pensava que era esse tipo de irmão. Mas pensava que todo mundo come um sanduíche pela carne, ou queijo, ou presunto, e me sentia o pão: um lixo. Daí descobri que é o pão que segura tudo dentro dele, pro gostoso não fugir”. (KRIEGER, 1994, p.38)
A turma acaba indo para a lanchonete do avó de Leonardo, e a garotada começa a contar da fuga e seu motivo: ser irmão-sanduíche. Ao ouvir a expressão, o avô retoma o início da história:
- Vou contar. Quando ouvi, a primeira vez, eu era assim pequetitinho. - Ele se endireitou: - Eu conhecia irmão. Muitos. Eu conhecia sanduíches. Muitos. (KRIEGER, 1994, p.46)
A ilustração participa ativamente da história, como que complementando-a, numa interação mútua, texto-imagem, no jogo da construção de um sanduíche com partes humanas, ou um humano envolto por um sanduíche.
Referência
DEBUS, Eliane S. D. Entre vozes e leituras. Florianópolis: UFSC, 1996 (Dissertação de Mestrado/PPGL/UFSC).
KRIEGER, Maria de Lourdes. Irmão-Sanduíche. Il. Miadaira. 3 ed. São Paulo: Moderna, 1994.
AUTORES
- Maria de Lourdes Krieger (Escritor)