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O perdedor de livros
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RESENHA

Por Rosilene de Fátima Koscianski da Silveira
Doutora em Educação – PPGE/UFSC
2020

O livro O perdedor de livros, de autoria de Daniele Freitas Pacheco com ilustrações de Martina Schreiner, foi publicado em 2015, pela Cuore, editora de São Paulo, sendo vencedor do 2° prêmio Literário promovido pela editora. É composto de trinta páginas numeradas e mais seis sem numeração. As páginas numeradas contam a história, as não numeradas foram destinadas aos paratextos, cada um com objetivo diferente. No início do livro, a primeira página se destina a identificar o dono do livro com pedido enfático de devolução em caso de extravio. Nas páginas finais encontramos, em uma delas, o convite ao leitor para ser o contador de uma nova história, a seguinte apresenta a autora e a ilustradora e a última divulga outras publicações da editora Cuore, lançadas recentemente.

A capa do livro é ilustrada com a imagem de um menino leitor-autor. As cores laranja e vermelho esquentam a narrativa, e são predominantes. O amarelo aparece bastante também. Ele está na roupa das personagens, na camiseta do menino e no vestido de Dragonça. Amarelo é também a cor dos livros, das bolinhas e das flores que ilustram o livro. As cores quentes, as letras relativamente grandes, algumas palavras escritas em letra maiúscula e muitos pontos de exclamação, trazem ao texto a ideia do intenso movimento imaginativo da personagem em busca de solucionar a encrenca na qual se colocou – precisa devolver o livro da escola e não faz a menor ideia de onde ele está.

A história tem nuances autobiográficas. Ela é inspirada em situações vividas por leitores de todas as idades, mas especialmente por aquele leitor que se confessa “um pouquinho bagunceiro”(PACHECO, 2015, p. 5). Esse leitor não tem “culpa se os livros criam pernas e vupt”(PACHECO, 2015, p.5) fogem dele quando ele mais precisa – na hora de devolvê-lo para a biblioteca da escola. Quando isso acontece, e não é raro, pois com o nosso protagonista ocorreram duas vezes seguidas, é “um caso de vida ou morte!”(PACHECO, 2015, folha de rosto.).  A primeira vez que isso aconteceu foi com o livro O menino maluquinho, a outra com  As caçadas de Pedrinho. Tanto o livro do Ziraldo quanto o de Monteiro Lobato deixaram o menino em situação muito difícil, conta ele: “Ontem eu estava lendo Caçadas de Pedrinho [...] Quando terminei de ler, eu deixei esse livro bem aqui, mas depois, como num passe de mágica, ele sumiu! Acho que Emília, aquela boneca do Sitio, quis pregar uma peça em mim” (PACHECO, 2015, p. 7). Com O menino Maluquinho a situação se agravou na hora de explicar o fato para a bibliotecária, pois “aquela linguaruda foi correndo contar para a minha mãe, que quase me matou. Eu fiquei maluquinho de tanto ouvir o sermão das duas” (PACHECO, 2015, p. 8).

Com uma linguagem simples representando os pensamentos do menino que coloca “a cachola pra funcionar” (PACHECO, 2015, p. 11) e procura arquitetar um plano que possa resolver seu problema, a leitura é muito divertida. Ideias e como pegar um livro igual “emprestado” em outro lugar, se esconder embaixo da cama e fingir que foi sequestrado pedindo como resgate outro livro igua;, dizer que a irmãzinha rasgou o livro; levar flores para a Dragonça; inventar uma história de casa alagada ou de alienígenas, são algumas das alternativas. Tudo isso para não encarar uma triste verdade – ele é mesmo um perdedor de livros. 

Com um acabamento gráfico de qualidade e uma narrativa com final surpreendente esse livro pode ser lido por crianças, adolescente e também pelos adultos que gostam de uma história movimentada. A autora convida seu leitor a ajudar a “salvar” o protagonista e o convite para participar da narrativa não é ficcional, foi abraçado pela editora, vale a pena conhecer.

REFERÊNCIA

PACHECO, Daniele Freitas. O perdedor de livros. Il.: Martina Schreiner. São Paulo: Cuore, 2015.


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