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Rio Liberdade: uma aventura no Pantanal
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RESENHA

por Gizelle Kaminski Corso
Doutora em Literatura - UFSC
2012

Uma viagem, uma odisseia, uma peregrinação rumo à liberdade. Palavra solta, sem amarras, sem arremedos. Barco pequeno em rio pouco azul, sem sul, sempre como norte, assim singra o nosso valente Ulisses, enfrentando os perigos e as dificuldades na companhia de um exército formado por um homem só.

Moreno, personagem principal desta história, é um menino de 12 anos, filho de um jornalista que vai ao Pantanal fazer uma matéria sobre Ecologia, onde trabalha sua irmã Francisca, na Reserva Biológica de Cará-Cará, no Mato Grosso. Alguns anos antes,  antes de passar as férias no Pantanal, Moreno, com três/quatro anos, e os pais refugiam-se além-mar, por conta dos tempos difíceis da ditadura, tempo em que era “impossível pensar – muito menos escrever – o que se quisesse” (p. 12). As amarras da liberdade bem presas, feito nós sobre nós, sobre eles, impossíveis de desatar.

No retorno do Pantanal – lugar bonito que requer “olhos na frente, dos lados e atrás da cabeça pra ver a vida explodindo em todos os cantos” (p. 14), a liberdade instaurada em céu aberto –, o acidente perto de São Paulo e o despertar na cama do hospital. Liberdade comprometida, ameaçada, trancafiada, porque pernas operadas e cadeira de rodas “a tiracolo”. A perda dos pais aqueceu uma disputa: quem fica com Moreno? A irmã da mãe ou a irmã do pai? A contragosto, Tia Jondira, assume, abandonando-o meses depois em um orfanato. Liberdade novamente comprimida, azedada, congelada.

Moreno, narrador contundente da história, no orfanato, vê, refletida em si mesmo, a história do gavião ferido do Pantanal. Mas liberdade, coçando dentro do peito, pleiteia uma vaga, um “cadinho” de vida e incita Moreno a fugir do orfanato em busca da tia que tem nome de rio, Francisca.

Navegando mares de rios, parte Moreno em busca do sonho, do ri(s)o, da liberdade. Em palavras livres porque o “tempo faz a dor ficar mansa” (p. 61), um pouco do premiado Rio liberdade, uma aventura no Pantanal (1ª edição de 1984), de Werner Zotz, na dobradinha inconfundível e visível pelo aguçado olhar de Diego Rayck ao transformar algumas palavras em imagens.

ZOTZ, Werner. Rio liberdade, uma aventura no Pantanal. Ilustrações de Diego Rayck. 8.ed. Florianópolis: Letras Brasileiras, 2006. 64 p. 


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