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Sonho de Candoquinha
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RESENHA

por Eliane Debus
Professora MEN/PPGE/CED - UFSC
2012

O livro Sonho de Candoquinha, de Lausimar Laus, foi publicado em 1955, tem apresentação de José A. Vieira, na época Diretor do Serviço de Informação Agrícola, e foi dirigido aos estudantes com objetivo de incentivar o projeto de hortas escolares, desenvolvido por aquele órgão:

Esta do ´Sonho de Candoquinha´ o Serviço de Informação Agrícola fês [sic.]  questão de publicar na sua série “Clubes Agrícolas” para oferecê-la a todos vocês, que fazem parte dessas entidades escolares e se dedicam com entusiasmo às suas atividades, na horta ou no pomar. (VIEIRA, Apud LAUS, 1955, p.3).

A narrativa tem como protagonista o “manhoso” menino Candoquinha, que arma berreiro sempre que está à mesa para as refeiçõs, pois detesta se alimentar, em especial comer legumes. O choro do menino convida o Sargento Canabrava a adentrar a casa na tentativa de resolver o problema com sua presença, que provoca respeito e medo em Dona Miroca, a mãe do menino, nos empregados Tuquina e Zoraide, e em Candoquinha. 

As ilustrações em preto e branco apresentam a figura imponente de Canabrava e a surpresa do menino que deixa em suspenso o choro. No entanto, a voz grossa do Sargento se torna doce ao cantar uma moda dos pampas gaúchos para acalmá-lo, e quando sai deixa as pessoas da casa no mundo dos sonhos.

No espaço onírico, o menino recebe um castigo e é transformado em lagarta da couve, pela fada dos legumes, 

– Candoquinha, você vai ter um castigo!

Os olhos do menino, muito arregalados, sua mão tremendo, seu cabelo eriçado, pareciam querer perguntar àquela estranha personagem, diáfana e bela, o que lhe iria fazer. Mas ela continuou:

- Não posso deixar de fazer o que me manda a deusa Ceres, mãe da terra. Ela determinou que seu castigo, por não gostar de comer legumes, fôsse[sic] o de virar lagarta da couve, ficando sob êsse[sic] aspecto até arrepender-se de todos os berreiros por não querer comer e até aprender a comer hortaliças e legumes. (LAUS, 1955, p. 10 )

A metamorfose não se dá somento com o menino, mas com todos que o rodeiam e assim ele vê sua mãe, dona Miroca, transformada em batata doce; o Tuquina, em mandioca brava; Zoraide, em berinjela e o Sargento Canabrava, em chuchu. 

A empregada da casa, Zoraide, transformada em berinjela, clama o descontentamento de sua condição étnica:

- Virge Santa! Condo foi que essa nêga pensou em ficá ansim de uma hora prá outra. Berinjela! Cruiz! Num pudia, pulo menos virá cinoura? Logo ficá nêga outra veiz como já era antes? Pulo menos cinoura era da cô do ouro, da cô do sor, da cô do dente do seu delegado. Mas berinjela, credo! Ante fôsse bertalha. Bertalha ainda bota as asuas fôias verde prú ar onde os passarinho pudiam bem apoisá de tarde. Mas quá! Tem que sê mesmo berinjela... (LAUS, 1955, p.13)

Convivendo naquele reino estranho, o menino vai aprendendo as propriedades dos legumes, sua importância e, ao despertar do terrível sonho, torna-se um comedor de frutas e legumes. “Daquele dia em diante, Candoquinha foi o modelo dos bons comedores de frutas e legumes. Nunca mais fêz[sic] berreiro, nem deu mais trabalho a dona Miroca”. (LAUS, 1955, p.27).


Referência

DEBUS, Eliane. A produção literária para crianças e jovens em Santa Catarina: o caso Lausimar Laus. Revista Antares.vol.3, nº6, jul./dez. 2011. 175. 

LAUS, Lausimar. O Sonho de Candoquinha. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1955.


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